Os contratos de trabalho terminaram, mas eles não podem voltar para casa e, quando voltam, tem 90% dos salários recebidos no exterior confiscados pelo governo

Fonte: Portas Abertas

Centenas de trabalhadores norte-coreanos permanecem na China, Rússia e outros países por causa das restrições da COVID-19 em vigor na Coreia do Norte. O contrato de trabalho deles no exterior já foi encerrado, por isso eles ficam limitados e ansiosos quanto ao retorno à Coreia do Norte, mas são proibidos de retornar.

O regime norte-coreano se vale de trabalhos forçados para manter a economia ativa, porém, essa medida não foi suficiente para manter as finanças. O país é conhecido por campos onde os prisioneiros são obrigados a trabalhar sob condições desumanas.

Segundo relatórios da Portas Abertas (veja abaixo), um terço dos prisioneiros da Coreia do Norte são cristãos. Com a crise recente do país, as exigências aumentaram sobre a sociedade civil também. Por isso, muitos saíram do país buscando oportunidades de emprego no exterior.

Cristãos presos e torturados

O Comitê de Direitos Humanos da Coreia do Norte e a Associação Internacional de advogados (IBA, da sigla em inglês) afirmou em um relatório recém-publicado que “há indícios suficientes para concluir que crimes contra a humanidade foram e continuam sendo cometidos em larga escala” nos centros de detenção da Coreia do Norte. O relatório descreve como as prisões norte-coreanas apoiam o Estado na tentativa de eliminar qualquer ameaça à liderança do país ou à ideologia do país.  

Em 2022, a Coreia do Norte deixou de ser o país número um da Lista Mundial da Perseguição 2022, não porque a situação tenha melhorado no país, mas porque a pressão no Afeganistão foi maior do que a relatada no país. “Desde 2021, as leis antirrevolucionárias aumentaram o número de cristãos presos e de igrejas domésticas fechadas, mantendo a pressão aos cristãos.” 

Testemunhas disseram que a prática da religião é suficiente para as denúncias e prisões. No relatório, “um prisioneiro no Centro de Detenção Jip-kyul-so, no Norte do país, contou que quase 60% dos companheiros que estavam presos com ele eram refugiados cristãos que estavam escondidos na China buscando liberdade religiosa, mas foram encontrados em cultos, deportados e presos”. 

Segundo o relatório, “as pessoas são presas sistematicamente sem julgamento, [ou seja, sem possibilidade de defesa] e são intencionalmente subjugadas a sofrimentos físicos e psicológicos, além da privação de direitos básicos na prisão”. Os cristãos são alvos especiais na prisão, ficam sob constante vigilância e recebem tratamentos piores durante a detenção. 

 Os períodos de detenção documentados foram mais longos para os cristãos do que para outros grupos, e testemunhas relataram que “os que se identificam como cristãos são interrogados por mais tempo e geralmente sob tortura”. Eles são submetido às piores formas de tortura e forçados a incriminar uns aos outros durante os interrogatórios, disseram os pesquisadores. 

“O Estado considera o aumento do cristianismo no país uma séria ameaça, já que os cristãos não prestam culto às autoridades e também por causa dos trabalhos de organizações sociais e políticas cristãs que não seguem a ideologia do governo”, disse o relatório das Nações Unidas sobre Direitos Humanos na Coreia do Norte em 2014. 

Direitos humanos violados

“Norte-coreanos que saem do país para trabalhar e oficiais aposentados que trabalharam nesse contexto têm 90% do salário confiscado pelas autoridades. Apesar do confisco e da vigilância extrema, o salário no exterior é praticamente o triplo do salário nacional, além da oportunidade de conhecer um pouco outras realidades fora do regime restrito. Por isso, muitos escolhem essa opção”, contou um jornalista.

“Se a situação pudesse ser filmada e mostrada para o mundo, seria um filme sobre direitos humanos”, contou um dos trabalhadores norte-coreanos no exterior. Ele relatou a história de um colega que trabalhava na companhia, vindo de Pyongyang. Enquanto instalava colunas de ferro, o colega sofreu uma queda de cinco metros. A coluna foi lesionada e ele precisou de cirurgia emergencial.

Apesar da gravidade do caso, a companhia não queria gastar dinheiro com o tratamento na Rússia, por isso o enviou de volta à Coreia do Norte. Os voos norte-coreanos aconteciam apenas duas vezes por semana. No entanto, questões burocráticas fizeram com que ele tivesse que esperar dez dias para voltar à Coreia do Norte com a coluna e membros inferiores gravemente lesionados.

Muitos casos semelhantes de acidentes no trabalho com atendimento médico negligenciado e envio tardio de volta à Coreia do Norte acontecem com norte-coreanos no exterior. Apesar dos desafios, durante o período no exterior, muitos norte-coreanos conhecem o evangelho e compartilham as boas novas na terra natal quando conseguem retornar.

Ajude refugiados norte-coreanos

Por causa da perseguição, muitos cristãos norte-coreanos precisam ir para abrigos na China, onde são discipulados e instruídos a como encontrar amor, graça e perdão em Cristo.Conheça mais e saiba como ajudar, permitindo que mais cristãos norte-coreanos sejam acolhidos e fortalecidos.

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