Nos últimos dias, 50 mulheres foram sequestradas em Burkina Faso e 17 pessoas foram mortas em um ataque a bomba em igreja no Congo. Grupos extremistas islâmicos assumiram a autoria dos ataques
Extremistas islâmicos são suspeitos de sequestrarem 50 mulheres em dois incidentes na última semana no Norte de Burkina Faso. De acordo com o jornal The Guardian, aproximadamente 40 mulheres foram capturadas na última quinta-feira a cerca de 12 quilômetros a sudeste de Arbinda, em Burkina Faso. “As mulheres se reuniram para apanhar folhas e frutos silvestres na mata porque não havia nada para comer”, contou um morador, acrescentando que na ocasião elas saíram com seus carrinhos. “Na quinta a noite, quando elas não voltaram, pensamos que tinha acontecido algum problema com os carrinhos. Mas três sobreviventes voltaram para contar o que aconteceu”, disse outro morador.
Então, na sexta, cerca de outras 20 mulheres foram sequestradas oito quilômetros ao norte de Arbinda. Elas não sabiam sobre o primeiro sequestro. “Em ambos os grupos, algumas mulheres conseguiram escapar e voltar para a vila a pé. Achamos que os sequestradores as levaram para suas bases”, um morador acrescentou. Autoridades locais confirmaram os sequestros e disseram que o exército e auxiliares civis realizaram buscas sem sucesso na área.
Arbinda está na região do Sahel, no Norte de Burkina Faso, uma área sob controle de grupos radicais islâmicos e com suprimentos de comida limitados. A cidade e as áreas ao redor são regularmente assolados por ataques extremistas que muitas vezes fazem civis de alvo. Em agosto de 2021, 80 pessoas, incluindo 65 civis, foram mortos em um ataque em um comboio que os levava a Arbinda. Em dezembro de 2019, 35 civis estavam entre um grupo de 42 pessoas que morreram em um ataque à própria cidade.
Em muitas partes de Burkina, plantações não podem mais ser cultivadas por causa do conflito. A população de Arbinda é muito dependente de abastecimento alimentar externo. Em novembro de 2022, Idrissa Badini, um porta-voz da sociedade civil, emitiu um alerta sobre a situação de Arbinda. “A população, que já esgotou suas reservas, está à beira de um desastre humanitário”, ele disse.
Burkina Faso está em 32ª posição da Lista Mundial da Perseguição 2022, que classifica os 50 países onde os cristãos são mais perseguidos. A perseguição e a violência contra cristãos no país já fizeram milhares de deslocados e tem agravado a situação da população já assolada com crises políticas e econômicas.
Bomba mata pelo menos 17 pessoas na República Democrática do Congo
Ataque à igreja foi assumido pelo grupo extremista Estado Islâmico
Ontem, dia 15 de janeiro, uma bomba foi detonada em uma igreja na província de Kivu do Norte na República Democrática do Congo, matando pelo menos 17 pessoas e ferindo gravemente cerca de outras 20 pessoas. De acordo com a imprensa local esses números podem sofrer uma variação, porém provavelmente ainda mudarão, aumentando nos próximos dias.
O ataque ocorreu durante o culto de domingo na cidade de Kasindi-Lubirigha, em Kivu do Norte, localizada próxima à fronteira de Uganda e a cerca de 90 quilômetros ao norte da cidade de Beni.
O porta-voz militar, Antony Mualushayi, compartilhou em um comunicado à imprensa que “os serviços de segurança já tinham assumido o controle do local e os feridos foram evacuados para unidades de saúde locais”, acrescentando que uma investigação está em andamento.
As Forças Democráticas Aliadas (ADF, da sigla em inglês) eram suspeitas de estarem por trás do ataque, já que congoleses e ugandenses uniram forças em uma campanha contra o grupo no Nordeste da República Democrática do Congo. Mualushay disse à agência de notícias Reuters: “Apesar das medidas de segurança instituídas, os primeiros indícios mostram que são as ADF que estão por trás desse ataque”. Entrentato, o Estado Islâmico assumiu a responsabilidade pelo bombardeio ainda ontem a noite.
As ADF, que começaram incialmente como um grupo rebelde em Uganda, estabelereceram-se na República Democrática do Congo desde o final dos anos 1990. O grupo prometeu lealdade ao Estado Islâmico no meio de 2019. As ADF são suspeitas de disseminar ataques a vilas no Nordeste do país, visando vilas cristãs, clínicas e pastores. O resultado disso é que muitas áreas já não possuem cristãos.
Declaração oficial da Portas Abertas
A líder da equipe do trabalho da Portas Abertas na África Central, Dorcas Moussi (pseudônimo), fez uma declaração oficial sobre o ataque. Segundo ela, a Portas Abertas condena o ataque com a maior firmeza possível e expressa profunda simpatia pelos afetados. É terrível que pessoas que se reúnem para adorar ao Senhor sejam alvo dessa forma, que apesar de triste, não é uma surpresa.
Por anos, a violência radical islâmica contra a maioria da população cristã em Kivu do Norte e em áreas vizinhas tem crescido, matando milhares e deixando centenas de milhares desabrigados.
“Pedimos ao governo que faça de tudo para proteger a liberdade das pessoas de se reunir e adorar, além de garantir que os afetados recebam ajuda emergencial e reabilitação. Pedimos à comunidade internacional que ofereça apoio apropriado ao governo para garantir que tais incidentes não ocorram novamente. Também pedimos à igreja global que peça pelo conforto de Deus para os enlutados e por provisão para a igreja local”, conclui Dorcas.
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