Fonte: portasabertas
No país mergulhado no caos da guerra civil, os poucos cristãos ex-muçulmanos nativos são ainda mais vulneráveis
O Iêmen enfrenta uma crise humanitária profunda e milhares de pessoas já morreram desde o começo da guerra, em março de 2015. Um artigo publicado em 21 de novembro de 2018 pela BBC cita dados da organização Save the Children, que alega que “cerca de 85 mil crianças com menos de 5 anos morreram de desnutrição em três anos de guerra no Iêmen”. A perseguição geral no Iêmen corresponde à atual situação de guerra e ilegalidade, na qual os cristãos nativos são ainda mais vulneráveis.
Os principais tipos de perseguição presentes no país são: opressão islâmica, antagonismo étnico e paranoia ditatorial. A opressão islâmica se dá porque a Constituição declara que o islamismo é a religião do Estado e que a sharia (conjunto de leis islâmicas) é a base de toda legislação. Proselitismo de qualquer fé diferente do islã é proibido e os muçulmanos são proibidos de se converter a qualquer outra religião. Os iemenitas que deixam o islã podem enfrentar pena de morte.
O antagonismo étnico ocorre porque a sociedade iemenita é fortemente tribal. Os líderes tribais geralmente reforçam a lei e a justiça de acordo com suas tradições baseadas no islamismo, independentemente do que a Constituição ou o governo dizem. No campo da paranoia ditatorial, tanto o governo como as autoridades houthi (em guerra pelo poder) têm um instinto de sobrevivência muito forte. Em áreas controladas pelos houthis, medidas foram tomadas contra indivíduos ou associações consideradas uma ameaça à sua autoridade.
Crescem a pressão e a violência contra cristãos
O nível de violência contra cristãos no país aumentou, com vários cristãos sendo detidos por razões relacionadas à fé e sabe-se também que outros foram física ou mentalmente abusados. A pressão em todas as esferas da vida está em um nível extremo, sendo que na esfera nacional e da igreja a pressão chegou ao seu nível máximo. Isso é típico em países onde há opressão islâmica, que não deixam espaço para qualquer atividade aberta da igreja ou culto privado para cristãos ex-muçulmanos. A extrema perseguição que os cristãos iemenitas enfrentam é explicada pela guerra e pela pressão sobre a igreja nativa, composta, sobretudo, por cristãos ex-muçulmanos.
Como resultado da guerra, grandes grupos de migrantes e estrangeiros deixaram o país, deixando os cristãos nativos como o principal foco da análise da Lista Mundial da Perseguição desde 2018. Isso causou um aumento na pressão em todas as esferas da vida, pois são os cristãos ex-muçulmanos que experimentam os níveis mais altos de perseguição no país, principalmente da família e da comunidade. Por outro lado, apesar da insegurança da guerra, há relatos de que o número de convertidos ao cristianismo está crescendo.
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