A aluna paquistanesa tem sido perseguida por ter optado pela disciplina de Ética, ao invés de Estudos Islâmicos.
Uma menina cristã que estuda em uma escola estadual no Paquistão está passando por um grande desafio. É que ela corre o risco de ser expulsa por escolher estudar Ética ao invés de Estudos Islâmicos. Na escola, a disciplina é facultativa para aqueles que professam a fé cristã, mas na prática, não é bem assim.
Muqadas Sukhraj foi intimada de forma agressiva por sua professora que chegou a dizer que se ela se recusa a fazer uma aula de Estudos Islâmicos, ela não deveria estar naquela escola.
Sukhraj preferiu estudar Ética, um tema criado como uma alternativa para crianças que representam minorias religiosas. Mesmo sendo uma opção para fugir da doutrinação islâmica, a aula se baseia no ensino religioso do islã. Apesar disso, é a frequentemente escolha preferida das famílias cristãs paquistanesas.
O incidente ocorreu em uma escola em Attock, a 50 quilômetros da Universidade Mardan Abdul Wali Khan, onde funcionários foram presos em abril por estarem ligados ao assassinato de um aluno que supostamente havia postado conteúdo de blasfêmia no Facebook.
Sukhraj é uma das três crianças que se identificam como cristãs em sua turma que ao todo têm mais de 100 alunos. Ela disse ao site World Watch Monitor que seus problemas começaram no início de abril “quando a professora Zahida Parveen começou desnecessariamente a criar problemas para mim e expressar seu descontentamento comigo porque escolhi Ética”.
Punição
“Primeiro, a professora discutiu sobre o livro da classe de Ética. Então ela me expulsou de sala como castigo. Mais tarde, ela me disse que se eu não pudesse estudar a educação islâmica, então por que eu estudo em uma escola muçulmana? Ela até me disse que, quando ela entrar na sala de aula, eu devo ir embora”, relatou a garota.
“Nenhum colega ou qualquer outro professor se comportou assim, exceto esta professora”, comentou. O tio de Sukhraj, Munir Nasir, tentou debater o assunto com a escola e as autoridades locais. Seu pai é um conselheiro eleito pela autoridade local e enfrentaria um choque de interesses, se tivesse debatido o assunto. “O tio Munir foi à escola várias vezes para reclamar, mas não lhe foi permitido ver o diretor porque é uma escola para meninas”, disse Sukhraj.
Extremismo religioso
Seu tio apresentou um pedido ao coordenador do distrito de Attock, solicitando que ele lidasse com a atitude da professora em relação às minorias. Ele argumentou que o governo local deve prestar atenção à questão, dadas as promessas do governo de combater o extremismo religioso após o ataque no Talibã em 2014, contra uma escola militar, que deixou 132 estudantes mortos.
Em seu pedido, Nasir afirmou que a professora também disse aos estudantes muçulmanos para não comer ou beber com Sukhraj. “Ao invés de abordar o assunto, Sukhraj foi transferida para aulas noturnas”, acrescentou.
O diretor da escola não estava disponível para comentar. Saqib Abbasi, chefe da delegacia de polícia de Zahro, respondeu à queixa de Nasir. Ele explicou que a escola atende a alunos das aldeias vizinhas e da cidade e, recentemente, dividiu-os em dois grupos. Alguns durante o dia e outros à noite. As que moram em aldeias mais distantes são ensinadas durante o dia para permitir que elas retornem para casa com segurança antes do anoitecer.
Sukhraj foi transferida para a noite, mas ela queria ser ensinada durante o turno da manhã. Abbasi explicou que a família de Sukhraj pediu que ela fosse transferida para o ensino do dia, mas a resposta da escola foi: “Se eles fizerem isso para um aluno, teriam que fazer para todos os outros”.
Nasir sente que a polícia não se importa com o caso de sua sobrinha. “Eles pediram que Sukhraj fosse à delegacia para dar sua declaração, enquanto a declaração do professor seria registrada na escola”. No Paquistão, é considerado um insulto se uma mulher ou menina é convidada a ir à delegacia.
FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO WORLD WATCH MONITOR
Deixe um comentário