Uma das vítimas, já liberta, compartilhou o que foi viver cativa de um dos grupos extremistas mais violentos do mundo
Fonte: Portas Abertas
Hoje, 14 de março, o sequestro das 275 jovens em uma escola secundária pelo grupo extremista islâmico Boko Haram em Chibok, Nigéria, completa nove anos. A região continua sendo alvo de ações dos extremistas que buscam eliminar a presença cristã local.
Das meninas presentes no momento do rapto, 47 conseguiram escapar no mesmo dia ou pouco tempo depois e outras 103 foram libertas do cativeiro nos últimos nove anos. Enquanto isso, as outras esperam há quase uma década pela liberdade.
A cristã Precious (pseudônimo) foi uma das vítimas do sequestro em 2014. Ela permaneceu durante três anos sob domínio dos extremistas e pede que continuemos orando pelas meninas de Chibok que permanecem em cativeiro, na Nigéria.
Precious é uma mulher feita hoje, está casada e tem dois filhos. Ela sonha em um dia concluir os estudos, mas não esquece do dia em que o Boko Haram atacou a escola onde estudava.
Ela conta: “Estávamos fazendo uma prova. Eles entraram, disseram que eram soldados e mandaram nos juntarmos, pois nos protegeriam de homens do Boko Haram que fariam um ataque naquela noite. Acreditamos nas palavras deles e só soubemos a verdade quando estávamos reunidas para sermos levadas. Gritamos e corremos. Algumas meninas conseguiram escalar o muro e fugiram, mas a maioria foi levada”.
Fome e tortura psicológica
Antes de saírem da escola, “os extremistas garantiram que causariam o máximo de destruição possível. Eles tomaram uma das garotas para saber onde ficava o depósito de alimentos e o dormitório das meninas e incendiaram tudo”.
As meninas foram obrigadas a caminhar grande parte do trajeto da floresta de Sambisa a pé e depois foram levadas por um caminhão. Elas eram ameaçadas constantemente. “Eles diziam que iam atirar em nós se não obedecêssemos”. Depois de quatro dias de viagem, os extremistas chegaram com as meninas ao acampamento.
Assim que chegaram, as ordens começaram a ser dadas. “Havia poucas muçulmanas entre nós. Eles queriam que todas se convertessem ao islã. Para as jovens que aceitassem a conversão forçada era dado um hijab (véu islâmico). Já as que se recusassem a se converter, ficavam sem o hijab e sem comida. A maioria das meninas se recusou a se converter”.
Além da falta de alimento, as meninas eram submetidas a tortura psicológica. “Eles nos submeteram a isso durante quase um mês. Quando perceberam que não renunciaríamos a Jesus, eles nos ameaçaram de morte. Nós orávamos e jejuamos, pedindo ajuda a Deus”.
Esporadicamente, missões do governo conseguiam libertar algumas das meninas. Isso tornava a espera de Precious e das outras meninas ainda mais difícil. Os extremistas prometiam diversas vezes, brincando, que as meninas voltariam para casa.
Por isso, quando Precious realmente foi liberta, ela não acreditou. Ao chegar ao vilarejo, todos estavam curiosos para ver as meninas que sobreviveram ao Boko Horam durante três anos. Alguns ficaram com medo “eles acham que estamos contaminadas por ter ficado tanto tempo com o Boko Haram. Hoje conseguimos ignorar isso. Somente nós sabemos pelo que passamos”.
Muitas das que voltaram foram renegadas pela família e pela comunidade. Eles achavam que, além de contaminadas, elas poderiam ter negado a Jesus ou até se casado e tido filhos com os guerrilheiros de forma espontânea.
Ajuda a cristãos traumatizados na Nigéria
Ataques como o sofrido pelas meninas do Chibok buscam destruir as comunidades cristãs na Nigéria. A Portas Abertas mantém, através de parceiros locais, Centros de Cuidados Pós-Trauma para vítimas de ataques de extremistas que precisam de cura e amor em Cristo para superar as feridas deixadas por esses ataques. Sabia como e ajude a essas meninas e outros cristãos perseguidos a reconstruir suas vidas.
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