Liberado em fevereiro, o líder cristão que já foi preso e por várias vezes desde 2006, soube que sua libertação e perdão não inclui o cancelamento de uma sentença de 30 chibatadas
O pastor Yousef Nadarkhani foi libertado da prisão de Evin, uma das mais rigorosas e violentas prisões do Irã, em 26 de fevereiro. Ao ser informado de sua libertação, ainda teve de ouvir outras sentenças das quais não foi perdoado: terá de se submeter a uma sentença de 30 chibatadas e cumprir dois anos vivendo no exílio, do outro lado do país.
No entanto Yousef declarou está que feliz por ser libertado e em casa depois de quase cinco anos na prisão. “Sou muito grato por todos aqueles que oraram por mim e se lembraram de mim enquanto eu estava na prisão. Tudo o que eu suportei foi pouco em comparação com o que Cristo fez por nós”, disse Nadarkhani.
Liberação de convertidos
Nadarkhani foi o último a ser libertado de um grupo de quatro convertidos que foram condenados a dez anos de prisão por atividades de igrejas domésticas em 2017.
Depois que suas sentenças foram reduzidas em um novo julgamento em 2020, Youhan Omidi e Yasser Mossayebzadeh foram libertados em 2022 e 2021, respectivamente. Zaman Fadaie, conhecido como Saheb, os seguiu em 9 de fevereiro, quando foi perdoado e libertado.
Na mesma semana, outro convertido, Mehdi Rokhparvar, também foi libertado e uma semana depois, o muçulmano Rahimi saiu da prisão, tendo cumprido pouco mais de um ano de sua sentença de quatro anos.
A libertação de vários cristãos convertidos nas últimas semanas parece fazer parte de uma onda de perdões do regime por ocasião do 44º aniversário da República Islâmica.
Embora tais perdões sejam bem-vindos, eles “não abordam a injustiça original de sua sentença e prisão e o governo continua a considerar os direitos e liberdades garantidos no direito internacional como crimes, incluindo o direito de adotar livremente uma religião de sua escolha, e manifestar a fé em comunidade com os outros”, disse o grupo de defesa pela liberdade religiosa no Irã em seu último relatório anual.
Ilegal
Vivendo sob um regime islâmico extremista, o pastor Yousef Nadarkhani foi assediado, preso e encarcerado repetidamente por suas atividades cristãs desde 2006. Em 2010, um tribunal o condenou à morte por apostasia, mas essa sentença foi anulada em 2011. Sua última prisão começou em 2018. No verão passado, ele ouviu sua sentença de prisão havia sido reduzido de 10 para seis anos seguidos de dois anos de exílio interno.
Em fevereiro de 2021, um relatório da ONU disse que Nadarkhani havia sido vítima de “perseguição por motivos religiosos” e que sua detenção era ilegal.
A perseguição a cristãos no Irã
O país ocupa a 8ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2023, documento editado anualmente pela Portas Abertas e que classifica os 50 países em que os cristãos são mais perseguidos.
O Irã é governado por um regime islâmico cada vez mais rígido, que vê a existência de igrejas domésticas no país como uma tentativa dos países ocidentais de minar o islamismo e sua autoridade.
Quando pessoas de origem muçulmana se tornam cristãs, elas só podem se reunir em igrejas domésticas secretas. Elas correm grande risco de serem monitoradas, assediadas, presas e condenadas por “crimes contra a segurança nacional” — uma acusação que é mal definida, e pode ser usada de forma abusiva. Membros e líderes de igrejas domésticas receberam longas sentenças de prisão envolvendo abuso mental e físico.
Cristãos iranianos podem ser banidos da educação, perder seus empregos e ter dificuldade para voltar ao trabalho.
Parceiros da Portas Abertas apoiam a igreja no Irã com presença ministerial online, iniciativas cristãs multimídias e apoio jurídico.
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