Raymond Koh foi retirado de seu carro em uma operação envolvendo pelo menos 15 homens encapuzados. Ele está desaparecido desde então
No dia 13 de fevereiro completa quatro anos que o pastor Raymond Koh foi sequestrado na Malásia. O líder foi tirado do carro e levado por pelo menos 15 homens mascarados, em plena luz do dia. Até hoje, a família não desistiu de encontrá-lo e as buscas pelo pastor continuam ativas. Durante os próximos dias, falaremos mais sobre o caso e convidamos a todos a orar pela vida e família do líder cristão desaparecido.
De acordo com uma testemunha ocular, sequestradores mascarados chegaram numa van e o levaram embora pela manhã. Na época, a esposa de Koh, Susanna começou uma grande campanha de oração e ação para encontrar o esposo. Ela lidera, junto com outros líderes, uma campanha de pressão para que o governo dê respostas sobre o paradeiro do esposo.
A última vez que ela viu o esposo foi na mesma manhã do sequestro, na casa de uma amiga, onde ela trabalha como babá e as últimas palavras trocadas entre o casal foi “eu te amo”.
“Ele estava atrasado para uma consulta, partiu apressado e nunca mais voltou”, lamenta a esposa. Ela explica que as ligações para o celular de Koh iam direto para a caixa postal e as mensagens não estavam sendo visualizadas, indicando que o celular estava desligado. “Depois fiquei sabendo por amigos que ele havia sido confrontado por um grupo de homens encapuzados, jogado para dentro de uma caminhonete preta e levado embora”, disse. A esposa ainda declara que Koh não tinha inimigos e que estava sempre envolvido com os trabalhos da igreja que ele mesmo fundou há 10 anos.
Outros líderes cristãos já haviam sido sequestrados na Malásia e seus paradeiros também são desconhecidos. Diante disso, uma ação global foi gerada para sensibilizar autoridades mundiais para o caso e assim encontrar os desaparecidos. Como parte desses esforços, as esposas do pastor Raymond Koh e do ativista social Amri Che Mat enviaram uma carta aberta ao primeiro-ministro do país, pedindo uma investigação imediata e independente sobre o desaparecimento de seus respectivos maridos. Na carta publicada no jornal MalayMail elas também pediram “um espaço seguro para que o delator apresente o que sabe sobre o sequestro dos maridos”.
O delator é um sargento da polícia que estava disposto a testemunhar sobre envolvimento da polícia no sequestro do ativista Che Mat, mas que depois negou que tenha pedido para se pronunciar. Um dia antes de dar seu depoimento à Comissão de Direitos Humanos da Malásia (SUHAKAM), ele voltou atrás, e o inquérito foi adiado.
O clamor da família
A carta dizia: “Nós não temos visto nenhum esforço do governo para assegurar que essa revelação [do envolvimento de policiais] seja investigada por uma equipe independente. Pior, parece que os oficiais que estão envolvidos nas denúncias são os responsáveis pela investigação. Por favor, nos ajude a saber o que aconteceu com nossos maridos, quem os levou e onde eles estão agora. Os queremos de volta. Imploramos por justiça, clamamos pela verdade”.
Outra ação global foi realizada pela Portas Abertas, para angariar assinaturas e levá-las diante das embaixadas da Malásia em países em que a organização atua. No Brasil e outros países da América Latina, mais de 14 mil pessoas assinaram a petição, que foi entregue à embaixada em outubro de 2018. Na ocasião, o secretário-geral da Portas Abertas, Marco Cruz, foi recebido pela primeira-secretária da Malásia, Norliyana Alias, que também assinou a petição, ouviu as exigências e questionou sobre a perseguição aos cristãos em seu país. Ao conhecer essa realidade, após assistir ao vídeo do sequestro do pastor Koh, a primeira-secretária se comprometeu a comunicar a petição às autoridades do seu país e acompanhar o caso para que seja resolvido.
Apesar da Comissão de Direitos Humanos da Malásia ter iniciado um inquérito público sobre o caso do pastor Koh e garantido que houve envolvimento de integrantes do governo no desaparecimento, não houve uma conclusão satisfatória para o caso.
No ano passado, Susanna noticiou que abriu um processo contra dois ex-inspetores-gerais da polícia, Tan Sri Khalid Abu Bakar e Tan Sri Mohamad Fuzi Harun, por causa do incidente
Susanna recebeu o Prêmio Internacional Mulheres da Coragem do departamento de Estado americano em março de 2020. A condecoração foi resultado da luta da cristã por justiça no caso do marido e de outras vítimas de desaparecimento forçado. Apesar de não ter informação do paradeiro do pastor Koh, a esposa mantém a confiança em Deus. “Não sabemos onde ele está, em que condição está e se está vivo ou morto. Mas tenho esperança, porque tenho fé”, concluiu.
O livro “Onde está o Pastor Raymond Koh?”, escrito por Stephen Ng e Lee Hwa Beng, conta a história do desaparecimento do líder cristão.
A família Koh concedeu uma entrevista impactante à Portas Abertas, que pode ser acompanhada neste vídeo. Nele, as filhas e a esposa contam como tem sido lidar com o desaparecimento do pai e marido.
Veja a Linha do Tempo e entenda todo o caso
Você pode ajudar Susanna em sua missão
A família Koh continua buscando por respostas e queremos incentivar você a apoiá-los através de mensagens de encorajamento e cartões, para que eles mantenham a esperança no Senhor e permaneçam firmes na busca pelo pai da família.
Quatro anos se passaram e a família continua sem respostas, mesmo com a incessante busca pelo paradeiro do pastor Koh. A esposa, Susanna, enfrenta ameaças para deixar o caso do marido de lado, mas continua lutando por justiça, movendo processos contra a polícia e o governo do país. Os filhos do casal, Elizabeth, Esther e Jonathan, também acompanham essa longa jornada de luta e buscas por respostas.
Desde o sequestro, a Portas Abertas tem apoiado a família Koh e convidamos você a continuar encorajando a família pela busca por respostas. Através da sua oração e do envio de um cartão, você leva esperança para a família, mostrando que não foram esquecidos. Leia as instruções sobre o envio dos cartões e prepare sua mensagem!