Depois de 5 anos, muitos cristãos continuam deslocados, pois algumas áreas ainda não são seguras. Mesmo assim há reconstrução no país
Fonte: portasabertas
O dia 10 de junho marca o aniversário de uma das mais horríveis semanas na vida dos cristãos do Iraque. Nesta data, em 2014, a cidade de Mosul foi tomada pelo autoproclamado Estado Islâmico (EI). Uma semana depois, um ultimato foi lançado pelo grupo extremista islâmico: “converta-se, pague ou morra”. Mais do que nunca antes, essa semana mostrou o quão perigoso é ser cristão no Iraque, mas também quão resiliente e generosa é a igreja.
Raeid, um professor na Universidade de Mosul na época, nos conta como seus vizinhos muçulmanos celebravam a ocupação do EI: “Eles me falaram para não me preocupar e até mesmo os combatentes do EI asseguravam que não feririam civis como nós”. Mesmo assim, Raeid decidiu enviar sua esposa e três filhos para a casa da irmã, em Erbil.
Uma semana depois, ele percebeu como sua decisão foi sábia: “No dia 17 de junho, quando o ultimato contra os cristãos foi emitido, alguém bateu na minha porta às 6h da manhã. Quando abri, vi uma picape cheia de militantes do EI. Eles me perguntaram: ‘você é cristão?’ e eu disse que sim. Eles vasculharam toda minha casa e roubaram meu carro novinho.”
Raeid foi ao tribunal do EI várias vezes, mas eles disseram que a única forma de ter o carro de volta era se convertendo ao islã. “Se não, eu deveria sair da cidade e todas as minhas posses seriam deles. Eu me recusei”, conta o cristão. Ele, então, fugiu para Duhok, onde teve um ataque do coração um mês depois devido ao estresse. Alguns meses depois, ele se uniu à sua família em Erbil.
“A mão que segurou as asas quebradas”
Raeid e sua família se tornaram deslocados internos. Diante da situação, as igrejas começaram a trabalhar juntas, o que aumentou a unidade entre elas, testemunha Shlama*, o diretor da organização que é parceira local da Portas Abertas no Iraque. Os cristãos iraquianos que se dispuseram a ajudar outros foram, por sua vez, ajudados pela igreja global. Shlama conta que um líder cristão descreveu a situação da seguinte maneira: “A igreja global foi a mão que segurou as asas quebradas. Sem o suporte dela, nós não seríamos capazes de voar, de ficar tão fortes como estamos hoje.”
Sim, a igreja é forte. Apesar dos contratempos, os cristãos estão reconstruindo suas casas, escolas e igrejas. Um dos líderes cristãos locais, Danyal, diz: “Agradecemos a Deus, pois é ele que faz possível reconstruirmos nossas comunidades”. Para Raeid e família, o retorno ainda está distante, pois Mosul ainda é muito perigosa para voltar.
No entanto, ele agradece a Deus porque manteve seus dois bens mais importantes: sua fé e sua família. “A visão é nublada, mas ter fé significa que nós cremos no que não podemos ver. Então, pela fé, eu vejo um futuro brilhante para a igreja do Iraque”, conclui o cristão que continua vivendo em Erbil com a família. Ele também deixa uma palavra de gratidão: “Agradeço a todos que ficaram do nosso lado em nossa necessidade. Seu apoio salvou minha família e salvou o cristianismo de ser aniquilado no Iraque”.
Participe da reconstrução do Iraque
Nossos irmãos iraquianos continuam contando com a igreja brasileira para ser a “mão que segura suas asas quebradas”. Você tem a oportunidade de contribuir para a reconstrução do Iraque, ajudando cristãos a voltarem e permanecerem em suas cidades e vilarejos.
*Nome alterado por segurança.
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