O grupo que atua na Nigéria já usou um número de crianças quatro vezes maior que ano passado.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) informou na última terça-feira (22) que houve um aumento alarmante do número de crianças que são usadas como “bombas humanas” em ataques realizados pelo grupo radical islâmico Boko Haram, no nordeste da Nigéria.

“As crianças foram usadas para matar pessoas nos últimos anos e até agora, o número usado já é quatro vezes maior do que o ano passado”, disse a UNICEF em comunicado. “Desde o primeiro dia do ano, 83 crianças foram usadas como ‘bombas humanas’. Desse número, 55 eram meninas, na maioria das vezes menores de 15 anos. 27 eram meninos, além de um bebê que estava amarrado a uma garota”, acrescentou.

“O uso de crianças dessa maneira é uma atrocidade”, ressaltou a entidade. A agência insistiu que as crianças são vítimas e não causadora dos ataques. Disse ainda que elas são obrigadas a realizar ataques de extremistas.

Guerra aos cristãos

O grupo terrorista vem travando guerra contra cristãos e outros civis desde 2009 na Nigéria, com um relatório em fevereiro estimando em cerca de 100 mil pessoas que foram mortas e mais de 2 milhões que foram deslocadas. Vários relatórios, incluindo um da BBC News no início deste ano, revelaram que os jihadistas também usavam mulheres disfarçadas de mães portadoras de bebês em atentados suicidas.

A UNICEF disse que as crianças que foram resgatadas do grupo terrorista também enfrentaram desafios, pois suas comunidades de origem percebem elas com suspeita e medo. Há uma grande crise de deslocamento e desnutrição no nordeste, onde a maioria dos ataques de Boko Haram estão tomando espaço. “A Nigéria é um dos quatro países e regiões que enfrentam o espectro da fome, com até 450 mil crianças em risco de desnutrição aguda grave este ano”, disse a agência.

“Essas crianças recebem apoio psicossocial após serem libertas pelo Boko Haram e também trabalham com famílias e comunidades para promover a aceitação quando retornam, o que inclui o apoio econômico e de reintegração às crianças e suas famílias”, pontuou. As autoridades também colocaram as antigas noivas do Boko Haram em programas de “desradicalização” destinados a combater os ensinamentos islâmicos radicais.

Noivas

O jornal Leadership da Nigéria compartilhou as histórias de várias mulheres que se casaram com combatentes de Boko Haram. Algumas delas chegaram a exerceram poder e influência por estarem com comandantes superiores. “Eu tive muitos escravos, eles faziam tudo por mim”, disse Aisha, de 25 anos, revelando que mulheres e meninas sequestradas lavaram e cozinharam por ela durante três anos.

“Até mesmo os homens me respeitavam porque eu era a esposa de Mamman Nur. Eles não podiam me olhar nos olhos”. Fatima Akilu, chefe da Fundação Neem, que administra o programa de desradicalização, disse que o estado mental das vítimas deve ser abordado. “Você pode tratar o estado emocional de uma pessoa, mas se você não mudar a forma como elas pensam, você só vai liberá-los na sociedade, fazendo com que elas espalhem o que aprenderam”, disse à Reuters.

FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO CHRISTIAN POST

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